SOBRE MÃO NA NUCA E DESENHO

Friday, January 13, 2006

Apaixonou-se, mas não se lembra como; da amizade se fez o presente. Quando começou a reparar naqueles olhos pidões, eles já faziam parte do seu dia-a-dia. E como ele gostava daqueles olhos... Deles saíam milhões de borboletas que entravam nos seus e o faziam tremer do dedão do pé até a pontinha da alma.
Ele desenhava. Com os dedos percorria a pele que nasceu papel em branco. Do ombro à barriga, imagens e capítulos quase que psicografados. Contava histórias que naquela pele poderiam ser todas reais. Ele só queria sentir...
Ela ria. A risada gostosa de quem não tem tempo a perder. Parecia ter nascido de um sorriso! Gostava de se ouvir dizendo o nome dele quase num grito, ou então baixinho, olhando pra saia desarrumada. Queria sentir os dentes dele no seu lábio inferior, mastigando sua vontade de beijar. Mas ela não queria sentir...
Eles dançavam. Juntos. Ela, nos braços dele, sabia fazer voar. O movimento combinado que denunciava o beijo que nasceria tão ritmado. A mão dele buscava a cintura. A mão dela corria para a nuca. O cabelo sempre preso para que nada ficasse entre os dois; o rosto colado fazendo suor. A mente pairava, o corpo já sabia o que fazer. Era só deixar sentir...
Nunca se deram as mãos nem dormiram no abraço, perdeu-se o presente no meio do caminho. Nela ficaram os desenhos, nele um não querer esperar.

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