Thursday, March 30, 2006
Linda, a fantasia minha:
De dia te beijo amiúde
De noite te vejo rainha.
Linda, a fantasia minha:
De dia te beijo amiúde
De noite te vejo rainha.
Posted by Fernando Belo at 11:35 AM 2 comments
Não sou mais ator, eu cansei dessa vida
De chorar, de sorrir, de cadência sofrida
Não quero um fulano mandando minha arte
Vivo agora seguro dentro do meu baluarte
Senhoras e senhores, que comece o segundo ato
Agora, meus amigos, eu sou diretor de teatro.
Não tem mais porque eu sair do ensaio
Chorando, berrando, beirando o desmaio
Não tem mais ninguém pra dizer que não gosta
E que tudo que eu fiz com carinho é bosta!
Eu sei, tô mudado, diferente de fato
Mas não tô nem aí, eu sou diretor de teatro.
Falo o que eu quiser e me finjo de surdo
Verborréias, palavrórios ou qualquer absurdo
Eu vivo um papel só para os “meus atores”
Mas se subo no palco, quem me vê sente dores
Perdi a noção, já não morro sensato
E daí? Que se foda, eu sou diretor de teatro!
Que importa se erro nas concepções
E meus dramas profundos viram pastelões
Eu só quero explodir num imenso rompante
Depois fumar um cigarro com o olhar distante
Qualquer probleminha eu transformo em parto
Que seja! Que lindo, eu sou diretor de teatro.
Se o que falo não traz o menor resultado
Deve ser porque estou quase sempre drogado
Se eu nunca criei nada muito importante
A culpa é dos atores, já que eu sou brilhante
Se só tenho talento para morrer de infarto
Que eu morra! Mas morro diretor de teatro!
Posted by Fernando Belo at 9:47 PM 0 comments
Como está a sua vida longe, do outro lado?
Longe do meu florescer, nosso passado
Longe do lar que te fiz em verso e prosa
Perto de não ser mais meu doce amado.
Onde está teu peito nesse mesmo instante?
Em que te guardo aqui dentro, e tu me tens distante
Em que sou moça triste à espera da rosa
Que você me traria, com um sorriso hesitante.
Agora que não sou mais teu motivo
Mesmo sendo alheia, sobrevivo
Mesmo esquartejada, me equilibro.
Meu corpo em tuas mãos, meu sopro em teu ouvido
Viver da tua falta, isso sim faz mais sentido.
Posted by Fernando Belo at 12:36 PM 0 comments
Não derrama mais nenhuma gota
Em teu choro doído de decepção
Pois se agora o que já foi verdade não existe
E tu me tratas armada com um dedo em riste
A manta que hoje te veste rota
Já foi de seda pura do meu coração.
Não machuca teu peito sofrido
Cutucando a ferida que eu criei
Deixa o tempo crescer e passar sutilmente
E a tormenta morrer e sumir lentamente
Devolvendo ao céu o colorido
Que num grito de mágoa apaguei.
É depois de prender-se pesado num chão de amarguras
Que podemos sentir a leveza de voar a maior das alturas.
Posted by Fernando Belo at 8:06 AM 1 comments
Pedro era engraxate
Pintor frustrado na arte
Só era seu um alicate
E um velho bacamarte.
Rita era glamurosa
Prostituta luminosa
De beleza ruidosa
E existência venenosa.
Ele estava trabalhando
Mil sapatos engraxando
O sovaco gotejando
Na labuta se matando.
Ela passou reluzente
Com um ar bem imponente
E uma bunda evidente
Que mexia atraente.
Fez-se Pedro um fedelho
Teve ímpetos de coelho
Ficou quente e vermelho
Pôs-se a rezar de joelho.
Rita toda lisonjeada
Viu o moço e não fez nada
Seguiu sua caminhada
E manteve a rebolada.
O moço não se fez rogado
Já estava apaixonado!
Foi pra casa apressado
E largou um sapato desengraxado.
Linda Rita nesse ínterim
Pra dez homens disse sim
Deu em lençol de cetim
E em um sujo botequim.
Pedro voltou flutuando
Terno velho ostentando
Rosas vermelhas carregando
E perfume barato exalando.
Rita viu e deu risada
Do moço que não tinha nada
E disse, com uma gargalhada
“Isso é pouco e não me agrada!”.
Ele perdeu as estribeiras
Rolou pelas ladeiras
Perdeu-se em choradeiras
Que geraram corredeiras.
Vendo ela tal desgosto
Mal se moveu em seu posto
Descansou em seu encosto
Nenhum remorso em seu rosto.
Pedro fugiu em depressão
Rumo à própria execução
E, o bacamarte em posição
Alvejou o próprio coração.
E por Rita mais um morreu
Dessa moça, todo mundo já comeu
Mas nunca ninguém mereceu
Ouvir: “Meu amor vai ser só seu”
Posted by Fernando Belo at 2:19 PM 1 comments
Se te olho para sempre é por estar a imaginar
Que bons ventos e quentes hálitos te trouxeram para mim
Se te beijo em desespero é por sentir-me esvaziar
Por saber que o tempo é pouco e que o beijo tem um fim.
Se te mordo a pele em febre, é que o toque não me basta
Não sufoca a saudade que me guarda impaciente
Se te passo a mão ao corpo e a pressa não me afasta
É por seu doce murmúrio que me faz inconseqüente.
Quanta vida tua se torna minha no espaço de um mês?
Que fazer se o leito é sonho e o teu colo lucidez?
Posted by Fernando Belo at 3:44 PM 1 comments
Chega agora de empecilhos
de fisgadas
cabeçadas.
Foi-se embora todo o tempo
da amargura
da censura.
Agora eu só quero
o que me vem
natural
mente!
E só
mente. Final
mente...
Posted by Fernando Belo at 11:28 AM 1 comments
Na massa uniforme e morta
Um mesmo som se cria
Uma voz, uma idéia vazia
Um sorriso de boca torta.
No meio do burburinho irritante
O que penso parece falhar
Numa nuvem de pó se espalhar
E virar algo pouco importante.
É uma grande e fútil parada
Onde tudo parece agir
De forma plástica e ensaiada.
Eu sou linha curva ascendente
Em meio à multidão toda reta
Que sorri, mas não sabe o que sente.
Posted by Fernando Belo at 3:22 PM 0 comments
Posted by Fernando Belo at 6:23 PM 1 comments