PEREIRA, O DIRETOR HIPOTÉTICO

Monday, March 27, 2006

Não sou mais ator, eu cansei dessa vida
De chorar, de sorrir, de cadência sofrida
Não quero um fulano mandando minha arte
Vivo agora seguro dentro do meu baluarte
Senhoras e senhores, que comece o segundo ato
Agora, meus amigos, eu sou diretor de teatro.

Não tem mais porque eu sair do ensaio
Chorando, berrando, beirando o desmaio
Não tem mais ninguém pra dizer que não gosta
E que tudo que eu fiz com carinho é bosta!
Eu sei, tô mudado, diferente de fato
Mas não tô nem aí, eu sou diretor de teatro.

Falo o que eu quiser e me finjo de surdo
Verborréias, palavrórios ou qualquer absurdo
Eu vivo um papel só para os “meus atores”
Mas se subo no palco, quem me vê sente dores
Perdi a noção, já não morro sensato
E daí? Que se foda, eu sou diretor de teatro!

Que importa se erro nas concepções
E meus dramas profundos viram pastelões
Eu só quero explodir num imenso rompante
Depois fumar um cigarro com o olhar distante
Qualquer probleminha eu transformo em parto
Que seja! Que lindo, eu sou diretor de teatro.

Se o que falo não traz o menor resultado
Deve ser porque estou quase sempre drogado
Se eu nunca criei nada muito importante
A culpa é dos atores, já que eu sou brilhante
Se só tenho talento para morrer de infarto
Que eu morra! Mas morro diretor de teatro!

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