QUE SEJA

Wednesday, November 28, 2007

É que hoje eu trago a leveza dos desnecessários.
Minha presença pode tanto ir quanto vir;
Ao gosto dos desinteresses,

Ao ritmo dos refractários.

"VEM, AH..."

Wednesday, November 21, 2007

Foi como o dueto que eu escutei certa vez. Igualzinho.
Tinha tanta beleza que eu não conseguia ouvir tudo de uma vez. Só suportava pequenos pedaços.
Um violão começava manso, mansinho. Nem percebíamos a diferença do agora para a vida antes dele. Chegava desapercebido como se sempre estivesse ali. Quando já estava me rendendo ao carinho inicial, uma palavra dita com imensa dor me retirava do transe e me roubava para a vocalista.

“Vem...”

Pedia para eu não mentir. E repetia. Eu já esquecia o violão.

“Vem...”

Intrometia-se um violino arrogante, achando-se o alvo daquele apelo choroso. Bêbado e flácido, tornava a mulher uma memória feita de coisa presente. Ele ocupava o espaço, sambando ao violão que não existia mais.
Não existia, até reaparecer me abraçando de surpresa, e o boêmio violino sumia em meio à minha perplexidade. Revelava-me o samba, aquele violão com cada corda vibrando e trazendo a poesia que eu sempre sonhava compor. Assim, sem pedir nada em troca. Me entregava palavra por palavra, que de repente invadiam a boca de outro vocalista. Um homem. Cantando com o coração emprestado da mulher que já tinha se perdido na melodia. Na mesma dor, vibrava a voz para desatar o nó da garganta. Sem sucesso.

“E agora que eu cheguei, eu quero a recompensa...”

Me vi sozinho com ele. E como ele também solitário.
O que se seguiu eu não sei descrever. Todos os moradores daquela música me rodearam, gritando a beleza do modo que podiam; sons e palavras me violando sem pudor ou coerência.

Vem ah tum tá meu menino vadio ííííí eu quero te dizer que o tum tum íííí instante de te vem ver sem mentir pra você me arrepender Dorme íííí convencer menino grande das chuvas que acolhi meu amor que paguei tumtum tum íííúúú eu quero te mostrarporqueganhei nasíííí Deus e te quero cheguei tum íííááá tum prenda pá ííí teusmeus íííá vem que cheguei ííí todo seu recompensa meus teus tum ííí dorme ííí menino tu grande

Foi como a música que eu ouvi certa vez. Assim ela me passou e eu não pude compreendê-la. A música e a minha mulher. Foi igualzinho, com uma e com outra. Queria, mas não podia amá-la assim, de uma vez. Só pedacinho por pedacinho. Minha mulher.Um mosaico de cadências, uma colcha de retalhos feitos de poesias desencontradas. Mas tão linda que me doía o peito.

EFÊME(R)A

Sunday, November 18, 2007

Minha relação com a Re durou pouco. Tão pouco que nunca soube o que vinha depois daquelas duas letras. Era Re, só. Uma loira Re.

- Re, vamos sair daqui vai?
- Não.
- Por que não?
- Acabei de te conhecer.
- Que importa? A gente se deu tão bem!
- Agora não dá. As pessoas estão olhando.
- Que importa? Ninguém nos conhece...
- Você sempre assim, qualquer coisa... – disse enquanto me lambia o rosto com a mão, me deixando com cara de idiota, sua risada escondida pela música alta.

Virou as costas e sumiu na multidão, me deixando de presente uma eternidade que nunca tivemos. E que mesmo assim me foi suficiente. Afinal, sou sempre assim, qualquer coisa...

I

Monday, November 05, 2007

Tua pele é o meu fato
Meu ser imediato
Todo o meu querer
E o teu amor barato
Vence o meu recato
Faz-me esquecer
Que a tua voz macia
Não me alivia
Do triste sofrer
Mas minha vida vazia
Por ser fraca e fria
Não quer nem saber
Toma este corpo aberto
Respira mais perto
Sente o amor meu
Deixa para trás o certo
Vamos pelo incerto
De um amor camafeu
Deixa pesar-te meu seio
E amar-te o anseio
Do meu caminhar
Sem ti eu já não mais creio
Que o ar que eu permeio
Vá me sustentar
Sem ti eu já não mais creio
que o ar que eu permeio
Vá me sustentar

II

Saturday, November 03, 2007

Vem e toca a minha verve
Como se atreve
A me violar?
Eu não sou qualquer menina
É a minha sina
Nunca mais amar
Se ao menos eu pudesse
Não ser só uma prece
De teus desejos febris
Eu faria o que eu quisesse
Te daria em quermesse
Meus anseios gris

 
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