Monday, March 05, 2007
Ele tentou. Desesperadamente.
Olhou no relógio. Exatamente 3 meses, 4 dias e 8 minutos desde que ele a despejou de sua vida. Dentro de seu direito de proprietário, ele abriu a porta e pediu para que dela fizesse uso aquela moça inadimplente. O acordo era simples: ele lhe ofereceu morada, comida e alma lavada em troca de amor sincero e inspiração para algumas poesias ocasionais. Ela claramente quebrou o contrato. Não entregou o amor, muito menos as poesias.
Como o poeta que achava ser, ele tentou dedicar uns versinhos àquela despedida. Amor quando não inspira na entrada, inspira na saída, pensou ele. Tentou, desesperadamente, por 3 meses, 4 dias e 8 minutos. Mas, além da moça, de sua cabeça quase nada saiu.
Para não perder a viagem, rabiscou num guardanapo tudo o que conseguira pensar:
“Tiro o prazer que ela me deve
Da indiferença leve
Que ela me faz sentir.”
Encarou aquele pedaço de papel por alguns minutos. Quase ficou triste ao ver que, de tudo o que plantaram como um casal, só três versinhos brotaram. Quase duvidou da verdadeira intenção do Amor, com essas suas enganações e ilusões, o safado. Quase pensou em desistir de sua busca por alguém que realmente importasse. Quase.
Acabou que assoou o nariz no guardanapo e procurou algo mais interessante pra viver.
2 comments:
"É triste explicar um poema. É inútil também. Um poema não se explica. É como um soco. E, se for perfeito, te alimenta para toda vida".
hilda hilst.
com amor.
Que fuerte!!! mas bonito como sempre... como foi a estréia??
Bjo
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