COLCHÃO D`ÁGUA

Saturday, September 12, 2009

Toda noite chora triste a Terezinha. Toda noite, antes de dormir. Noite sim, também a que vem, Teresinha deita o rosto no travesseiro e deságua o peito fora pelos olhos. É rotina, como o banho pelas manhãs e a escova pelos dentes. É preciso que ela chore, pra limpar os olhos das coisas que vê ao longo do dia. Como louça suja, como as mãos da rua, ela chora e lava a vista. Não que seja mais fácil por ser rotineiro. Dói. Toda vez igual, dói que a cansa e o sono vem.
Essa noite chora triste a Teresinha. Toda noite, antes de dormir. Logo, logo ela se cansa e a dor apaga os olhos. Se a minha vontade importasse, não viria o sono com a dor. Se a minha vontade importasse, cada gota de seu choro pingaria a poesia de ninar que fiz pra ela. Viria dali o repouso.

Calma, que o Sereno
Sempre lava
As manhãs.

Seja no dia
Seja no peito
Sempre lava
As manhãs.




Sei como é, Terezinha. Sei da falta que faz a serenidade. Dorme, que amanhã tem menos.

3 comments:

Rebeca Rezende said...

Tô igual a Teresinha. Mas se vc diz que passa, eu acredito...

Anonymous said...

Não que seja mais fácil por ser rotineiro.

Patricia said...

Chora Terezinha, que "a cada mil lágrimas sai um milagre"... Gostei desse.

 
VIVER DE BRISA - by Templates para novo blogger