ESCLARECENDO

Saturday, March 22, 2008

“Ao cair, desvie do chão!”

Quer conselho mais idiota que esse? Mas era assim que a Clarinha filosofava. Transformava frases sem sentido em verdades universais.

“Ninguém prende a respiração a vida toda”

Eu fingia entender todas elas. Não me censure, eu era um garoto com o coração descompassado e com todas as vontades de amar Clarinha. Me tornei seu discípulo mais fiel (e único, para a paz do meu egoísmo).

“Quem ama o que não tem, não sabe a hora que passa o trem”

Sempre que soltava uma de suas verdades-minuto, eu anotava no meu caderninho e dizia que era para que as futuras gerações (“que hei de plantar em Clarinha”) pudessem entrar em contato com seus ensinamentos maravilhosos. Ela se enchia de orgulho e me tocava a perna em agradecimento. Achei que a minha atenção inventada e os recorrentes toques na coxa fariam de mim seu eterno namorado.

Bobagem. Hoje vejo que eu não sabia de nada não. É como já dizia Clarinha:

“Fogo que pega na palha, penteia a navalha e some no além”.

Quarto 94

Friday, March 14, 2008

Perdoa-me o beijo atrasado
Que deixo em tua porta cerrada
Vim dar-te minha pele apressada
Te encontro já em sono velado.

Perdi teus toques suspirados
Suados, das noites em claro
Que faço, se já me é tão raro
Dormir em teus sonhos nevados?

Sem ter a tua boca tardia
Recolho os meus beijos e, arfando,
Retorno à minha cama vazia.

Mas deixo esta rosa atrevida
Que pousa em tua porta pensando

Ser ela a tua nova querida.

 
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