TAMBORIM

Thursday, July 24, 2008

Bateu uma insônia. De novo.
“Como tudo pode ser assim tão dispensável?”, é só nisso que ela pensa agora. Essa mulher tem alguns anos já corridos. Era de se esperar que, a essa altura da vida, ela já tivesse no coração algo mais que esse vazio. Algo que importasse a ponto de ela guardar dentro do peito. Algo que ela deixasse ficar. Mas não, seu coração é tão oco que o eco que produz ressoa num tamborilar aflito. Tum (tum), Tum (tum), Tum (tum). Vai ver que é isso que a mantém acordada na noite de hoje e em todas as outras. Esse eco alto.
Tendo essa idéia fresca na cabeça, ela olha para o lado oposto da cama. O homem que lá dorme, nú e ressonante, nada mais é que pele e pêlos. Pele e pêlos em um conjunto que não faz nenhum sentido.
Ela enfim o abraça. Não porque o ame, mas porque tem frio e o cobertor está muito longe, caído no chão.
Vai tentar, mais uma vez, dormir.

1 comments:

Rebeca Rezende said...

Wilde já dizia...todo homem mata as coisas que ama.

 
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