Wednesday, March 15, 2006
Pedro era engraxate
Pintor frustrado na arte
Só era seu um alicate
E um velho bacamarte.
Rita era glamurosa
Prostituta luminosa
De beleza ruidosa
E existência venenosa.
Ele estava trabalhando
Mil sapatos engraxando
O sovaco gotejando
Na labuta se matando.
Ela passou reluzente
Com um ar bem imponente
E uma bunda evidente
Que mexia atraente.
Fez-se Pedro um fedelho
Teve ímpetos de coelho
Ficou quente e vermelho
Pôs-se a rezar de joelho.
Rita toda lisonjeada
Viu o moço e não fez nada
Seguiu sua caminhada
E manteve a rebolada.
O moço não se fez rogado
Já estava apaixonado!
Foi pra casa apressado
E largou um sapato desengraxado.
Linda Rita nesse ínterim
Pra dez homens disse sim
Deu em lençol de cetim
E em um sujo botequim.
Pedro voltou flutuando
Terno velho ostentando
Rosas vermelhas carregando
E perfume barato exalando.
Rita viu e deu risada
Do moço que não tinha nada
E disse, com uma gargalhada
“Isso é pouco e não me agrada!”.
Ele perdeu as estribeiras
Rolou pelas ladeiras
Perdeu-se em choradeiras
Que geraram corredeiras.
Vendo ela tal desgosto
Mal se moveu em seu posto
Descansou em seu encosto
Nenhum remorso em seu rosto.
Pedro fugiu em depressão
Rumo à própria execução
E, o bacamarte em posição
Alvejou o próprio coração.
E por Rita mais um morreu
Dessa moça, todo mundo já comeu
Mas nunca ninguém mereceu
Ouvir: “Meu amor vai ser só seu”
1 comments:
Fer..... adorei! Muito bom.... Muito gostoso seu jeito de escrever... Bjo!
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