RÉQUIEM

Monday, June 30, 2008

Não é remorso que tuas lágrimas me causam
Nem desgosto por teu sofrimento vão
Teu choro me chega como a canção
Que anuncia a chegada dos artistas
“Respeitável público!
Quem não rir não paga
Vem, senão acaba
O momento único!”
Claro, estou feliz e não disfarço
Por trazer-te o mais triste querer
Fiz milagre, coisa nobre e altruísta:
Eu trouxe a poesia para a tua pobre rima!

CALADO

Friday, June 20, 2008

É da tua boca curva que eu choro mais a falta.
Quando ainda a tinha pra mim, eram poucas as vezes em que ela ficava seca. Eu quase não deixava. Dançava a minha nas voltas da tua, minha boca largada no meio da curva. Boca. A tua.
Lambia tuas palavras não ditas, engolidas em favor do beijo. Te espiava, oculto pelas tuas pálpebras, me encantava com o teu silêncio de olhos fechados. Me divertia com o teu esforço, tão pequena que tu eras. Diminuta em tua boca rosa-silente.
Não deverias nunca ter falado. Muito menos eu. Engraçado que palavras tão contrastantes possam sair de bocas que se amam imensamente. Falamos tanto que secaram os lábios e granulou o beijo.
Isso era ontem. Hoje vi você e a tua boca. Flagrantemente úmida, por não ter mais que me censurar por horas, ou por ter outra boca a te calar.

H

Tuesday, June 17, 2008

Henrique mora num hiato. Há quem diga que ele está só de passagem, mas ninguém demora tanto tempo pra passar por qualquer lugar. Se demora, já brota raiz da haste.
Bem que eu diria isso a ele, mas Henrique já tem problemas demais. Suas ambições e projetos pro futuro são por demais assanhados. Quer fazer barulho. Sonha com o topo da hierarquia. Sonha sozinho, por não ter ninguém que tenha nele tanta fé.
Deixa que hoje o Henrique se engana. Amanhã, quem sabe amanhã, ele acorda e se decide por uma vida mediana. Que mal há nisso, não é mesmo?
Não é nenhum crime que a nossa história seja um H que ninguém escuta.

 
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