MINHA POUCA BOCA

Friday, December 28, 2007

Não me basta a boca que tenho
Que quer beijar-te enquanto te fala de amor
Que quer sorrir-te enquanto te morde o pudor
E canta silente enquanto te sopra o cenho.

É por isso que paro indeciso
As palavras tropeçam nos lábios inquietos
E meus olhos se perdem nos seus, prediletos
Se deixando levar sem prudência ou siso.

Quem me dera ter-te múltipla e minha
Quem me dera infinitos lábios dedicados
A fazerem-te incapaz de amar sozinha

Na bagunça de minhas bocas e tuas várias
Fugiríamos, originais apaixonados
A cantar meus versos teus em outras árias.

T(ÍBIA) V(ISION)

Thursday, December 27, 2007

Percebi que o legal em ser criança, daquelas bem novinhas e nanicas, é que a gente só conhece a maioria das pessoas pela região do joelho. Quando muito, até a cintura. Faz muita diferença.

EU SEI COMO FAZER

Monday, December 17, 2007

Era só trazer-te as letras
Lambidas da minha casta adoração
Dedicar-te hinos
As notas de um amor temporão
Eu só precisava calar tuas inquietações tão rasas
E dar-te os motivos de uma preocupação febril
Suada

Aflita e infantil na sua impotência

Chorar
Só seria preciso que eu chorasse
Combinando o teu nome e meus soluços
Cantar tua falta em um grito de socorro
Até que a tua mão me estenda o sono protelador

Enfim, botar-te nua em minhas linhas
E forrar teus arredores com espelhos
E ao ver-se assim, tão linda em meus anseios

Tão crua em meus devaneios
Embevecida na ternura que eu te entrego
Ao sentir-se a musa dos meus batimentos
E a causadora dos meus simples descompassos

Você me amaria
Amaria e seria dependente
Desse amor, que te atribui feições divinas

Dos meus olhos, que te acreditam tão perfeita.

MUITO PRAZER

Wednesday, December 12, 2007

Silêncio.

- São dez horas. Você já quer ir embora?
- Ainda não. E você?
- Também não. Então vai, é a sua vez.

O processo é importante. A pausa deve ser curta.

- Eu fui loiro até os quatro anos de idade.

Precisamos nos atualizar do que aconteceu na vida um do outro durante a nossa mútua ausência; o que no nosso caso significa, basicamente, toda a vida que vem antes do nosso primeiro encontro no domingo.

- Eu nasci pequenininha. Pesava menos que um lombinho.

Eu não sei como acontece, mas o que acontece eu sei. Acontece uma vontade grande de mostrar logo quem eu sou e saber logo quem ela é. Assim, a gente já pula a fase do desconforto e do constrangimento que o desconhecido tráz e vive em compasso com a nossa familiaridade precoce. E eu quero poder fazer um carinho no cabelo dela, o quanto antes.

- Meu primeiro beijo teve gosto de esfiha.

- Credo! Minha vez. Eu morava em Brasília.

Eu vou escrevendo a sua biografia na minha cabeça. Juntando os fatos de uma vida que eu já deveria conhecer. Ela tem uma cicatriz na testa...

- Tá olhando o quê?
- ... hum?
- É a sua vez! Tá fazendo o que aí me olhando?
- Ah. Tô tirando foto. Quero uma biografia ilustrada.

Ela é tímida. Isso eu já sabia.

- Bobo... São duas horas. Já quer ir embora?
- Nunca.
- Também não. Então vai, é a sua vez.

 
VIVER DE BRISA - by Templates para novo blogger