EXISTE DIARISTA PRA CABEÇA DA GENTE?

Monday, July 31, 2006

A bagunça é tanta
Que me perdi parado no lugar
Não mexi um dedo, um músculo que fosse!
E fui parar
Do outro
Lado de lá.

Foi eu piscar os olhos
Foi esquecer a vista
Passou o vento
Bufando
Tirando tudo de posição
Desenterrando aflição
Que fosse.

Perdi a orientação
Saiu voando meu presente
Sem esperar chegar o futuro
Perdi até o que sempre fui
Sobrando um vazio assim, arejado.
Airado
Oco
Que sou.

Que seja!
Bagunças se arrumam
Essências se encontram
Amores se compram
Futuros se sonham
Presentes se ganham.
Só o que me assusta é perceber
Que no meio dessa zona toda

Eu também perdi você.

CORCUNDINHA

Sunday, July 23, 2006

-Perdeu alguma coisa, filho?
-Não mãe, porque?
-Ué, tá aí encarando o chão...
-Tô não mãe, impressão...
-Claro que tá, não sou cega! Tá aí, curvado pra frente.
-Tô muito torto?
-Ô se tá! Mais um pouco olha os fundilhos por baixo.
-Pô mãe, não fala assim!
-Mas é verdade! Mais parece um japonesinho!
-Não é nada mãe, esquenta não.
-Como não é nada? Nunca te vi assim!
-Me deixa quieto mãe! Me deixa aqui com a minha corcunda.
-Vai me dizer o que está acontecendo ou não vai?
-Não dá, mãe...
-Mas que coisa mais deselegante andar curvado assim!
-Eu sei... Pronto, melhor assim?
-Agora tá inclinado pra trás! Tá de brincadeira comigo, moleque?
-Não mãe, longe de mim... Me ajuda a voltar pra frente?
-Ai Jesus... Assim parece o Keanu Reeves naquele filme doido... Como você faz isso?
-Sei lá mãe, me ajuda!
-Pronto.
-Valeu mãe. Bom, vou pro meu quarto.
-Que quarto que nada! Vou ligar agora pro seu pai e ver se ele te conserta!
-Papai é mecânico, mãe, não médico.
-Mas é seu pai! Ele tem que fazer alguma coisa a respeito. Como é que você vai andar por aí curvado desse jeito? E se for grave? E se for pra sempre? E se piorar com o tempo?
-Não mãe, dizem que melhora com o tempo.
-Só se for pra dar a volta inteira e você voltar pro lugar.
-Tá fazendo piada mãe?
-Tô não filho, impressão...
-Bom, tchau.
-Pára de brincadeira vai, já perdeu a graça! Volta esse tronco pro lugar!
-Não dá.
-Porque não?
-Bem que eu queria mãe, mas acontece que esse meu coração pesa por demais...

PENSAMENTO DE UM NÁUFRAGO

Friday, July 21, 2006

O
Amor

Machuca

Quem
Se
Deixa
Velejar

Solto
Feito
Vento

Fundo
Feito
Mar.

TUDO SE ENCAIXA

Wednesday, July 19, 2006

“Ahahahahahahaha!”

É lindo o arranjo das risadas daqueles homens. Sentados, bebendo, a cabeça teimando em filosofar a madrugada. Chet Baker trompetando e a gargalhada sempre explodindo num acorde consonante. Lembram os Três Tenores! Exceto pelo fato de serem um barítono, um tenor e um recém-descoberto contratenor. Ah, e orgulhosamente mais magros que Carreras, Domingo e Pavarotti.
O barítono escreve. Um barítono escritor. Monotemático, só fala do amor perdido. Ah, mas se fosse um amor achado não faria poemas. Faria filhos!
O tenor é pintor. Pinta seus amores, para ver como se parecem quando não estão dentro do coração. Cria mulheres nuas, suas, com o olhar atento que sempre desejou.
O contratenor. Ah, o contratenor... Não é escritor, não é pintor, não é ator, não é cantor, não é nem mesmo desse mundo. Começa por ser contratenor. Mudou-se para o alto das escalas musicais. Quem sabe assim o amor não o alcança...
Nessa madrugada, tudo será mais fácil. Deixemos os amores nas telas que nos rodeiam; todos presos e eternizados em tinta e textura. Deixemos estáticos na pintura os momentos que teimaram em nos fugir. E assim, tendo-os ao alcance das mãos, podemos sentar e nos divertir, afogando no vinho a urgência de amar.

QUALQUER VENTO

Monday, July 17, 2006

Nada me amanhece nesse dia
A luz é fraca, a vida é fria
E o coração pendendo por um fio
Que qualquer ventinho faria partir.
Um descuido! A janela aberta...
E o ar parado em gozação.
Que me derrube logo!
Não peço um furacão ou o ar alucinado
Só uma brisa que me valha
Um leve agitar da atmosfera
Causado por sua mão dando adeus

Ou por um sussurro da tua boca.

PIRILIMPIMPIM

Thursday, July 13, 2006

Criançando
Fazendo da coisa toda
Carrossel!
Rodando pra perder noção de chão.
Desenhando
Ligando pontos à toa
No meu céu!
Tentando assim traçar amor à mão.
Disparando
Rasgando o ar sem medo
Vou voar!
Pra no alto encontrar meu coração.
Viajando
Partindo pra onde o dedo
Apontar!
Chegar aonde não chega a visão.
Inventando
O Mundo do Eu Não Cresço
Nem um pé!
Brincando sem parar pra entristecer.
Gargalhando
Dos anos que não envelheço
Qué, qué, qué!
Do Tempo que parou só pra me ver.

Faço destino de papel e giz
Pois eu nunca me desfiz
Da minha alma bagunceira.

Fico moleque até que o frio acabe
Pois a vida que me cabe
É de fogo e brincadeira.

SHHHHH...

Friday, July 07, 2006

Sempre a uma distância segura
Ela me guarda a 3 metros de perder a razão
Faz de mim uma história
Que se conta sussurrando
Para que o coração não acorde.
Por isso seguimos assim
Ela e eu
Duas retas paralelas:
Nunca nos cruzamos,
Tampouco nos distanciamos.

 
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