ADEUS NUM POST-IT

Friday, April 28, 2006

Tô juntando meus trapos, meus panos, farrapos.
Levo embora os anos, os retratos, maus tratos
Ponho a trouxinha nas costas e levanto as respostas da despedida
Largo a vida vendida, busco a solidão de uma fala perdida.
Na minha cama vazia a lama fazia a vez do abraço
Era tanto espaço que eu era eco em meio ao lençol.
Mas agora é hora, eu to indo embora pra longe de ti
Não fico mais aqui pra viver de migalha que tua bondade espalha.
Que a sua mortalha seja de saudade, sei que é vaidade pensar assim

Mas que o penoso fim te mostre a verdade que havia em mim.

BED TIME STORY

Tuesday, April 25, 2006

- Que te fiz pra não sorrir?
- Nada.
- Como nada!?
- Nada.
- Então...
- O que?
- Ah, esquece!
- Quem tá lembrando é você...
- Claro que tô! Claro que tô! Que quer que eu faça?!!?
- Me deixa em paz, ia ser uma boa...
- Ah, que engraçado! Vai, um sorrisinho só...
- ...assim?
- Tá, se é com má vontade não faz então!
- Que bom que chegamos a um acordo...


...


- Você é sempre assim, né?
- Já voltou?
- Custa!? Só me diz isso, custa!?
- Custar, não custa não...
- Então!
- Então...
- Então, porra! Então!
- Tá?
- O que?
- Então tá?
- ...então tá.
- É, não foi dessa vez.
- Não tem problema, amanhã eu tento de novo. Boa noite.
- Boa noite. Te amo.
- Também.

MONIQUINHA

Monday, April 24, 2006

Moniquinha era diminuta
Bem pequena, de dar dó
Dava pena, de tão só
Dava raiva, de tão bela.
Tinha medo de ir à luta
E perder o que nunca foi dela
Preferia ser assim, aquarela
Com só duas cores pra pintar.
Ela queria garantias
De que não ia se machucar
Sem entender que a vida
É lição pra se errar.
Eis que um dia surge Jota
Moço faminto por sentir
Viu Moniquinha passando
Cruzando por sua rota
Tentou pegá-la pela mão
Chamar seu nome
Gritar que não
Mas só conseguiu se apaixonar
E sentir uma enorme e vazia fome.
Quis amá-la eternamente
A começar naquele instante.
Moniquinha estremeceu
Tanto medo, tanto risco
Que de pronto, empalideceu
Ao ver-se na eminência de amar
Pois o romântico Jota
Era o que ela a Deus pedia.
Jota, mais que inconformado
Deu à moça seu esforço
Praticou o bem querer
Gastou todo seu lirismo
Quis fazer por merecer.
Moniquinha, a minúscula
Achou Jota inconstante
Rejeitou seu romantismo
Magoou seu coração.
Jota ainda fez milagres
E arrancou-lhe um beijo terno
Brevemente, teve a bela
Como amor para toda a encarnação.
Mas medrosa Moniquinha
Preferiu se camuflar
Com outro amor de mentirinha
Para espantar o rapaz
Que poderia acorda-lhe o coração
Para não dormir nunca mais.
Partiu Jota desolado
Prometendo não voltar
E por causa da menininha
Ninguém mais o viu apaixonado.
Em seu quarto isolado
Moniquinha se trancou
Triste por perder o amor
Que se apresentou tão de repente
Mas feliz por não ter que chorar
Por um amor que a teve nos braços
Para depois se fazer ausente.

FAZER O QUE?

Wednesday, April 19, 2006

Devo ter passado alguém pra trás
Matado, xingado, roubado ou qualquer dessas coisas más
Não sei exatamente o que eu fiz
Mas acontece que o amor já não me quer feliz.
Eu que sempre fui nobre companheiro
E considerava ser, em se tratando de amor, o maior mensageiro
Sempre fiz questão de ser cavalheiro
Abria porta de carro e puxava cadeiras o dia inteiro
Eu até já tinha uma conta na floricultura
Fazia da vida da moça uma história sem fim de carinho e ternura
Mas já não importa tudo o que eu já fiz
Hoje o amor me informou que não me quer feliz.
Me diga, de que vale ser bonzinho
Se quem quer amar de verdade acaba chorando sozinho?
De que adianta ser poeta
Se cada palavra que eu digo passa de raspão, mas nunca acerta?
Mais vale ser homem de galinhagem
Levar a moça pra cama, esquecer o jantar e qualquer outra bobagem
Queria ser da paixão um aprendiz
Mas o que faço se o amor já não me quer feliz?
Mas antes de viver nessa perdição
Onde uma bunda bem feita vai me valer mais que qualquer coração
Vou tirar umas férias dessa vida
Vou mudar pra onde a gente não é mais ferida
Vou tratar de esquecer qualquer romance
E mandar avisar ao amor que ele já teve sua chance
Para eu viver de amar faltou um triz
Mas acontece que o amor já não me quer feliz.

AMANTE VENTO

Tuesday, April 18, 2006

Te beijo ventando
Trago o prazer instantâneo
mesmo que seja raro e momentâneo.

És minha quando quero
Roço em teu corpo a rodopiar
para depois ir ventar em outro lugar.

PARABÉNS PARA MIM

Sunday, April 16, 2006

Amanhã vou acordar pesado. Muitos pensamentos pra carregar. Vou reviver passos que me fugiram apressados, na direção oposta, sem olhar pra trás. Vou meditar sobre o ontem e ver, em cada pequeno detalhe, a imensidão do meu presente.
Hoje senti sua falta. Senti mesmo, ela estava sentada do meu lado, um braço apoiado nos meus ombros, o outro balançando inocentemente. Caiu sobre nós um silêncio incômodo, como nunca tivemos antes. Na verdade, ele existiu, logo no nosso começo, mas foi logo preenchido pelo gosto em comum por suco de goiaba. A sua falta pesava. Até a hora em que ela me disse: “Baby, mudanças são pra sempre”.
Você está tão longe agora... Tão longe... Nem quando não nos conhecíamos você esteve tão distante. Um exílio forçado. Começo a pensar que você não vai voltar como foi combinado, vai descobrir que o buraco que eu deixei no seu peito já foi há muito preenchido por amigos heterogêneos, camas redondas e garotos que já têm namorada. O meu vazio não fecha, ah eu não deixo! Quando começa a ser preenchido por amigos heterogêneos, camas redondas e garotas que já têm namorados, eu cavo tudo de novo até ficar na profundidade certa dos seus um metro e meio disfarçados de um metro e cinqüenta e cinco.
Amanhã eu receberia um poema, escrito numa folhinha pequena. Versos lindos, que diriam coisas que eu não saberia enxergar. Você faria meus cachos negros rimarem com amor eterno. A falta da sua poesia me fez escrever: quem tem poesia na vida uma vez, não pode ficar sem ela nunca mais.
Hoje eu escrevo um texto pequeno e sem poesia, não tento imitar a beleza que me chegava aos olhos em outros aniversários. Só pretendo que as letras me abracem amanhã, ocupando o meu ombro vazio antes que a sua falta chegue novamente para então ficarmos em silêncio.

REVIRANDO

Friday, April 14, 2006

Tortinho
......Tor
ti
..............nho

Não acho
mais
.......................posição quando
durmo
....................................................sozinh






o.

SONETO DA ETERNA NAMORADA

Tuesday, April 11, 2006

Desde o primeiro calafrio
Fez-se eterno o compromisso:
És meu doce desvario,
Sou teu moço submisso.

Apesar de tantos desencontros
Feitos de acaso e ironia
Sei que além estaremos prontos
Para um amor em pleno dia.

Te assisto meio à distância
Vivendo da incômoda ânsia
De explorar teu coração.

Do menino que fui no passado
Resta o amor eternizado

Esperando conclusão.

DA CRIAÇÃO DO MUNDO

Saturday, April 08, 2006

Ela nasceu da luz que faz a Lua quando quer se apaixonar. Da fagulha, o ar em combustão criou a beleza pura e nova. A pequena criatura mágica permaneceu no céu durante alguns minutos, sustentada pela leveza que só possui quem já nasceu no alto. Desceu planando, amparada por coral de pequenas borboletas amarelas, que a depositaram com esmero em tapete verde. A grama, ao se sentir tocada, se revolveu em ondas, trazendo ao mundo a carícia primeira.
Num movimento muito preguiçoso, a menininha foi abrindo os olhos. O mundo só se fez possível com seus olhos bem abertos. Para poupar a vista delicada que recém conhecia a vida, as estrelas subiram o mais alto que podiam, passando a viver na resignação dos distantes. A primeira inspiração trouxe o vazio que o mundo não estava preparado para sentir. A expiração que se seguiu formou leve brisa, agitando palmeiras e cajueiros numa dança preguiçosa.
Sentiu-se pequena e poderosa, a criatura. Percebeu que, ao abrir seu primeiro sorriso, instalou-se a primavera em todo e qualquer espaço vago. Que, ao seu chamado, o sol surgia humilde, contendo-se em sua majestade. Bastava-lhe um leve fechar de olhos para que o mundo dormisse e se perdesse em leves sonhos.
Decidiu que andaria, seguiria o caminho que nasceu pra traçar; caminho em volta do qual o resto do mundo se criou. Mas não ainda. Aquele mundo era todo seu, curvado diante do milagre que representava essa pequena e divina criatura. Não tinha porque ter pressa, o tempo estava a esperá-la.
Virou-se de lado, levou o dedão da mão direita à boca e mergulhou na maior das sonecas. Deu-se ao direito de não existir, pelo menos por algumas horas, para aquele mundo que ansiava em ser seu. Logo acordaria e daria início à História.

SONETO INSONE

Thursday, April 06, 2006

Coberta de paz e beleza
Serena, dorme a menina
Respira, aquece e fascina
Apagando qualquer incerteza.

Repousando amores vividos
Transpirando intensos desejos
No corpo, permanecem os beijos
Que invadem seus cinco sentidos.

Observo, sonhando acordado
Me tornando menino encantado
No silêncio da noite arrastada.

E insone fico imaginando
Se no sonho que está habitando

Sou o amor que a deixa acordada.

CASUAL

Monday, April 03, 2006

Vamos fazer de conta
Criar uma paixão hercúlea
De trazer à tona gritos e rugidos.

Vamos fingir que é meu
Teu toque tão leve e seu
Meu sorriso acanhado
E que seu colo existe pra me dar vazão.

Vou sorrir te olhando o corpo
Te fazer noites em claro
Produzir beijos exploratórios
Encenar a respiração alterada.

Veja em mim o que te falta
Prometo que te faço acreditar
Que o momento é perfeito, o ar rarefeito

E num momento insensato de lucidez
Fecha teus olhos e sonha que eu te digo
A voz risonha
Que sou tudo o que você ainda não desejou

Existo assim pra ser carente
Preso ao movimento combinado
De um abraço simulado que a vida não juntou.

Vem viver sem tentar ser perfeita
Feito história que ocupa a tarde
Mas que na vida deixa um vazio.

 
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